Esta é a minha tropa

Esta é a minha tropa

Decorria mais uma tarde de sábado em casa, e a busca de artefactos para a mais uma aventura levou-me a uma caixa de velhos artigos militares do meu Pai.

“O que é isto?” Perguntei eu, na inocência dos meus 7/8 anos.
“São coisas da minha tropa!” Respondeu o meu Pai, com um misto de orgulho e saudade espelhados no rosto.
“Tropa?! O que é isso?” A ignorância de quem brinca com pistolas sem nunca saber o que é uma arma. Ao ouvir esta pergunta, desvenda-se um sorriso de quem viu toda uma vida de honra, luta, sacrifício e camaradagem a passar pela lembrança.
Para ele foi um período de vida muito especial. Com muitos marcos que vincarão para sempre o seu ser. Se por um lado o aspecto bélico traz à memória momentos duros e pesados, pelo outro caminho, traz também as histórias de amizade, os episódios que construíram grupos, que estreitaram relações, que venceram diferenças de qualquer tipo.
Porque no fim, o mais importante era o Todo. E porque alguém uma vez disse que “Foi na Tropa que me fiz Homem!”.

Dez anos se passaram da descoberta dessa caixa, entrei na faculdade, apaixonei-me pela vida académica de tal maneira, que de dirigente associativo a comissário de praxe foi um salto, e porque uma Tuna não me chegou, fiz parte de duas. Ultrapassando os normais anos de estudo, e já as aulas na faculdade faziam parte do passado, ainda envergava a capa e batina por essas estradas a fora, de norte a sul do país, para lá do mar, para lá da minha Terra.

E tudo isto sem nunca ter ido à tropa. E precisei de ter ido?! Penso que não.

A minha capa foi o meu escudo, o meu instrumento musical a minha arma. E o orgulho de quem usa o traje devidamente equipara-se a qualquer farda condecorada.

Por tudo isto e porque a caneta é mais forte que a espada, posso neste contexto afirmar que esta foi a minha Guerra, lutei por ela em terrenos duros, com opositores de peso, perdi algumas batalhas, mas ganhei muitas mais, ao lado dos meus Camaradas de armas.

Hoje, já na reforma para lá da “reserva territorial”, mesmo já sem a mesma força para o gatilho de outros tempos, continuo sempre pronto para defender a nossa Bandeira, ao lado dos meus irmãos soldados, quer no pelotão da frente, quer nas fileiras traseiras.

Esta foi a minha Tropa. Foi aqui que me fiz Homem!

Crónica por Ricardo “Vice” Figueiredo

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